- Onde estiveste? Estás encharcado...
Sabia-me bem aquele calor humano. Um calor humano que as paixões não trazem. O calor de quem ama pela amizade e não pelo ardor.
Joana, minha eterna companheira. Depois de tudo o que te tinha dito e feito, o amor e compaixão para comigo enternecem-me, desarmam-me e sou uma criança nos teus braços. Leva-me contigo, apaga-me a memória desta noite, o sofrimento desta vida. Sinto-me triste por não te conseguir amar.
Chegamos a casa. Dispo-me e enfio-me na cama. Não tomo banho. Quero o cheiro dela impregnado em mim. O sabor na minha boca. O calor que sinto só de a pensar nua à minha frente.
A Joana fala de algo que nem oiço. Estou longe, não quero saber.
Adoro a sua presença, a forma como me idolatra, como me ama, como faz tudo por mim. A forma como prescinde de si para me dar tudo. Preciso dela, da sua energia, para a sugar e continuar a viver no meu mundo. No mundo só meu e da Inês. Minha Inês... onde estás?
- Queres falar?
- Do quê?
- Do nosso bébé.
- Não é nosso, eu não posso ter filhos.
Silêncio sepulcral. Viro-me para o lado, ajeito a almofada, acaricio os meus cabelos, imaginando os seus dedos longos, molhados pela tempestade. Os olhos pesam-me, a alma dói-me, que vou fazer amanhã?
- Desculpa....
Não lhe respondo. É-me indiferente se dá o seu corpo a outro.
Adormeço num sono profundo. Pesadelos, toda a noite pesadelos. Gritos, sangue, eu a fazer amor com a Inês morta, caída na falésia. A Joana grávida. Um homem sem rosto, de bata, uma luz ofuscante, crianças a atirarem-me pedras. Um supermercado. A polícia. Eu a fugir num carro que não é o meu. Um grito ensurdecedor. Quero gritar, não consigo, o seu rosto, frente a frente com o meu, olhos abertos, a saírem das órbitas, uma súplica, SALVA-ME!
Acordo mergulhado em suor. Levanto-me e vou lavar a cara. A Joana não está. Onde pode ter ido, a esta hora... 03h33m... a mesma de todo os dias.
O zumbido da luz da casa de banho é insuportável. Volto para a cama.
Tento adormecer. Não consigo. Vou fumar um cigarro à varanda.
Os cães ladram ao longe e afugentam um ou outro gato. Ao longe duas pessoas discutem e esbracejam junto a um carro. O meu carro. Um arrepio confuso, de frio e espanto, faz-me estremecer.
À distância, no frio, na noite reconheço na perfeição a silhueta da Joana...
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
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14 comentários:
E????????
Não se deixa as pessoas assim, pá!!!! :)
Isto já me começa a parecer um filme do David Lynch! :)
Acho que a Joana nos vai revelar muitas surpresas...
Acho...
Kiss
Bolas, queres ver que a gaja é um ET que muda entre Joana e Ines para colonizar o planeta???????????????????????????????????????????????????????
aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
despacha-te!!!!!!!!! a continuar!!!!!!!!!!
03h33m...
Será a Joana, semente do Diabo?
Mistério... apetecível.
Não sendo uma blogger assídua, voltarei para a continuação!
Bjo.
hum.. nao comento. anseio pelo proximo
Isto vai dar em mortes e ainda temos que chamar o CSI para desvendar a historia.
Como sempre paras na melhor parte, nao ha direito !!:P
Beijinho.
... mais?!?! com a maior brevidade possível por favor!! estou curiosa..!!
Bem, cá pra mim a joana deu numa de virge maria (foi inseminada pelo espirito santo) e o alberto vai ter de se penitenciar como josé...muahahahahah!
Gosto da sugestão de meter satânicos ao barulho!!!! LOOOOOOL ;-)
Lol, mas como é que uma pessoa pode comentar decentemente depois de ler os comentários da Van?
Realmente não há condições, pff...:P
Fico à espera da continuação... :)
Esta história é quase perturbadora :P Mas principalmente, sempre que acabo de ler penso: não gostava de estar no lugar do António :P
Beijocas :)
... mais?!? ... o mais brevemente possível por favor!! estou a morrer de curiosidade...
Ohhhh quero saber!!Quero saber!!!Bj
Cada vez melhor... a unicidade da mente, do amor humano...
Invejo-te esta historia!
Mais um capitulo sublime!
Aguardando o proximo... :)
PS: Bom layout e boa escolha musical!
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