sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Sem Ti (R) - capítulo VIII

Saio do carro deixando-a semi nua. O temporal adensa-se dentro e fora de mim. A chuva cai em bátegas intensas e os trovões dançam com os relâmpagos a mentira que tentam passar de que não são simultâneos. Eu vivi nessa mentira durante todo este tempo. O amor que desejava não existia, e o senso comum só me deixou ver o que tinha diante dos olhos. A mágoa e o desespero não me deixavam ver mais além.
Aproximo-me da beira da falésia. A minha vontade é saltar, deixar tudo para trás. As minhas ilusões, os meus sonhos, a raiva e a desilusão. Sinto-me a tombar, sem saber se é só a minha vontade ou o vento que conspira pelo meu adeus a tudo.
Sinto os seus dedos a enterrarem-se no meu braço.
Com brusquidão puxa-me, atira-me para cima do capô do carro, abre-me a camisa, e beijando e mordendo, percorre-me o pescoço, as orelhas, o peito. Demora-se nos mamilos e, roçando a dor, arranha-me com um prazer que pelo seu olhar sei que é mútuo. Despe-se toda. Despe-me todo. Não conheço esta Inês que louca de prazer me possui.
Nus, em cima do carro, ela sobre mim, alheios à chuva e ao frio, ao vento e à tempestade que ameaça subir a falésia e salpicar-nos de sal, volto a senti-la, por dentro, e sabe-me bem a sua excitação. Sabe-me bem o seu gemer que se confunde com os trovões, sabe-me bem o frio que ignoro, pois por dentro todo eu sou um fogo que se deseja libertar nela. O mar começa a uivar, as ondas a baterem no seu compasso sem harmonia oposto ao compasso em que os nossos corpos chocam uma e outra vez, uma e outra vez, uma e outra vez. A luz dos relâmpagos ilumina a sua face rosada, sinto o seu corpo contrair-se, sinto dentro dela essas contracções. Não quero parar, não consigo parar. Um onda bate lá em baixo, o céu ilumina-se com um trovão ensurdecedor, e eu, vulcão em plena erupção não me contenho mais e sou teu... minha amante perfeita. Agarro-a nos ombros, e puxando-a para baixo, sinto o orgasmo mais prolongado que alguma vez senti. Não consigo parar de tremer, não quero deixar de a ouvir gemer.
No meio da tempestade fomos um só.
Ofegantes beijamo-nos. Ela deixa-se cair a meu lado e, deitados na chapa fria de um carro velho, de olhos semi-cerrados pela chuva que cai, dizemos em uníssono:

- Eu amo-te.

20 comentários:

Lita disse...

Uau!!!
Acho que só respirei quando terminei de ler... :)

Está fantástico!

Ianita disse...

Epah...

Bem escrito como sempre. Consigo quase sentir o que eles sentem (quase!)...

Ainda assim, reflicto... e não gosto de pessoas que não dão valor ao que têm... não gosto de pessoas que deixam o amor para trás e seguem em frente. E não gosto que essas pessoas sejam compensadas no final...

Mas a vida é assim...

Beijos

Lita disse...

Outra coisa...
Escreves da maneira como eu gosto do meu café matinal... intenso, forte amargo...
... perfeito!

M disse...

Estou sem palavras, sem ar, e com muito calor...não oiço nada a não ser o meu coração bater!

Afrodite disse...

Ena ena o poeta podia escrever sem dúvida aqueles contos eróticos da ANA AHAHAHAHAHAH! Xiça...vou ali e já venho...







...voltei! Ena, muito bom, quase consegui ver a situação ;)! Uma sensação de deja vu com personagens diferentes AHAHAHAHA!

Abreijinhos...ehehehehe tu tu!

Afrodite disse...

Felizmente não foram catados ehehehehehehhehehe...sortudos!

Abreijos

Anónimo disse...

Esplendido!! juto que neste momento me chamo António...
Foste claro....escreveste o que toda a gente sente quando está assim, mas nunca o conseguem demonstrar, nem por palavras, nem por escrita.
Congrats!

Anónimo disse...

E mais...
"Ofegantes beijamo-nos. Ela deixa-se cair a meu lado e, deitados na chapa fria de um carro velho, de olhos semi-cerrados pela chuva que cai, dizemos em uníssono:

- Eu amo-te. "

Só quem viveu isto sabe a intensidade deste momento....

Sunshine disse...

Ufaaaaa!!!!!

Até me falta a respiração !!!

Desreves o momento com uma intensidade crescente, de uma forma, por assim dizer, palpável ...

E agora ???

Ana disse...

PORRA!!!!! mas que gajo mais indeciso, boooooolaaaaaas!!!!! ATÃO AFINAL???? ama ou não????? ai foi violado??? tadinho, tenho cá uma peninha dele...

:D e falou a cascadora mor do antonio. Bolas, desculpa, mas não gosto mesmo do gajo e não consigo ficar feliz por ele. Só penso na Joana, que foi enganada em todas as vertentes.

Ana disse...

mas o facto de não gostar do toino, não invalida que estou a gostar da historia eheheheh, tanto que me revolto toda contra o gajo looooool!

Unknown disse...

Van:
Tenho k concordar com a Van, não gosto nada do Toino, mas consigo imaginar-me no lugar da Inês, talvez com outro "Toino"...
Gostei...

Bjokas

Lize disse...

Eu não tenho propriamente um desgosto ao "toino" porque entendo a situação dele... embora ele praticamente usou a Joana, de uma maneira ou de outra, e isso é muito mau. Se eu fosse a Joana, detestá-lo-ia. Mas como não sou, e estou de fora da "história", consigo ver os pontos de todos as personagens. Os três cometeram erros... a Joana foi a que cometeu menos.
E se este capítulo fosse uma pessoa, quem lhe dizia "amo-te" era eu... Amei :) Mesmo... :)


Beijocas

izzie disse...

Eu já disse tudo o que tinha a dizer... porque o poeta aqui és tu... =)

Sininho disse...

Tu queres meter o pessoal todo maluco???? Isto obrigatoriamente devia ter bola vermelha no canto superior direito! Este capitulo é de suster a respiracao do primeiro ao ultimo ponto!

Surpreendeste-me mais uma vez pela positiva! lol

Siuxi disse...

Bem... Não encontro palavras...
A intensidade das imagens que as palavras colocaram no meu pensamento...bem...
Excedeste-te meu caro poeta.
Ai, ai...se ler isto outra vez antes de adormecer...hummm, acho que muito bons sonhos vou ter :))

Beijo

Anónimo disse...

É de cortar a respiração - que belo temporal...
Parabéns pela escrita!
Boa semana.

Miepeee disse...

Quase que tinha aqui um ataque de taquicardia.
So respirei fundo no fim.
E agora como vai ser?
Bj.

Estrela Cadente disse...

A D O R E I!!!!
Incrível como ao ler as tuas palavras nos sentimos no meio de tudo, a viver cada bocadinho!Excelente mesmo!Bj.

Estrela Cadente disse...

A D O R E I!!!
Incrível como ao ler-te nos sentimos no meio de tudo, a viver tudo aquilo que descreves...
Simplesmente fantástico!
Beijinho.